O ano era 2018, as cores que impregnavam nossa rotina variavam de uma escala de branco, preto a timidamente tons terrosos. As protagonistas do espetáculo eram 26 em suas mais variadas necessidades educativas. O contexto da Escola gritava ao mesmo tempo que ficava estático. No quintal um cenário atípico sussurrou e o ouvimos. Nunca, na história dos meus tenros 10 anos de docência uma rachadura na calçada foi palco de tantas aprendizagens. Muitos nos disseram que era apenas um buraco, mas nós, os envolvidos, ousamos em acreditar que ele nos levaria para além da comodidade e das práticas repetitivas e exaustivas das quais as crianças eram submetidas ano após ano. As crianças problematizam o currículo imposto a elas, porém, com que olhos os docentes captam estas questões? Essa narrativa visa evidenciar o docente como processo e, sob qual perspectiva torna-se visível as inter relações discentes no ensino aprendizagem, tornando-a grandemente potente. O que nos importa como pesquisadoras inquietas é o olhar sensível para o inédito. A sensibilidade se faz presente dentro e fora da cena pedagógica e em concordância com Freire (1967) “sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.”